Há muitos anos, Hipócrates já tinha como uma de suas famosas frases: “Faça do seu alimento o seu medicamento”. E isso foi um dos pontos de partida para que os alimentos passassem a ser mais investigados e utilizados na promoção da saúde e prevenção de doenças, mas, foi apenas na década de 1990 que esse tema passou a despertar a curiosidade das pessoas e de pesquisas científicas.
O padrão alimentar é um dos principais determinantes da saúde. Os efeitos benéficos da ingestão de alimentos com funções protetoras são bem conhecidos, incluindo uma redução no risco de mortalidade.
Com o passar do tempo, acontecem várias alterações fisiológicas, físicas, psicológicas, cerebrais e sociais, decorrentes do processo de envelhecimento. Porém, os hábitos saudáveis desenvolvidos ao longo da vida, como atividade física, estilo de vida, autonomia e escolhas alimentares adequadas desem-penham um papel fundamental na qualidade de vida.
No Brasil existe uma tendência de aumento da população idosa, e com o envelhecimento da população há maior prevalência de incapacidades e doenças, dentre elas, as doenças crônico-degenerativas como: doenças cardiovasculares, respiratórias, neoplasias, diabetes mellitus, distúrbios no trato gastrintestinal, perturbações psicológicas, entre outras.
As alterações podem resultar em mudanças nas necessidades de nutrientes devido a diminuição do consumo e da absorção, bem como declínio das funções metabólicas, contribuindo para a disponibilidade alterada de nutrientes em idosos.
Uma série de suplementos vitamínicos e minerais, substâncias bioativas e probióticos, alimentos com alegação de propriedades funcionais e/ou saúde, são amplamente encontrados, com o objetivo de contribuir para a manutenção da saúde e prevenção de doenças, caso sejam indicados por profissionais de saúde.
O óleo de peixe (rico em ômega 3) é um dos suplementos alimentares mais utilizados por idosos. O ômega 3 é conhecido como um nutriente que pode auxiliar na promoção do envelhecimento saudável. Seu metabolismo está associado com o funcionamento neurológico e do coração, com a saúde da visão e da pele, e com a manutenção da capacidade cognitiva e aprendizado.
Os ácidos graxos ômega-3 são classificados em dois grupos: os de cadeia longa ácidos graxos poli-insaturados (PUFA w-3), como o eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenóico (DHA) de origem animal possuem maior concentração em peixes de água fria como o atum, salmão, sardinha, os de cadeia curta o ácido alfa lipóico (ALA) de origem vegetal presentes na chia, linhaça e amêndoas (BERNASCONI et al., 2022).
Infelizmente, nota-se que o consumo de peixes pela população ocidental é baixo, por este motivo, a suplementação pode ser uma alternativa utilizada de forma a complementar outros hábitos de vida saudáveis.
Também é importante saber que outros alimentos além dos peixes, inclusive de origem vegetal, podem e devem fazer parte da alimentação diária, visando aumentar a ingestão de ômega 3.
Os idosos podem ser especialmente beneficiados com as ações do ômega 3, uma vez que o nutriente pode auxiliar na força muscular e na capacidade funcional, reduzindo consequentemente, as chances do desenvolvimento de problemas típicos dessa fase, como o risco de quedas, sarcopenia e outras condições clínicas desafiadoras.
Uma pesquisa realizada por Cornish et. al. (2022) e publicada na revista Nutrients., teve como objetivo avaliar os efeitos do ômega 3 em idosos, e concluíram que em relação à força, a parte inferior do corpo parece ser a maior beneficiada, pela ingestão de ômega 3. Já em relação à capacidade funcional, o ômega 3 parece poder reduzir o tempo de sentar-se e levantar-se. Entretanto, quando estudos com alto risco de viés foram removidos, os resultados não permaneceram significativos. Além disso, nenhum efeito foi observado na velocidade de caminhada.
As recomendações de ingestão diária desse nutriente podem variar com base nas necessidades de cada indivíduo, como idade, sexo, estado de saúde e níveis de atividade física. No entanto, algumas diretrizes gerais costumam ser baseadas nas quantidades de (EPA) e (DHA), os principais componentes do ômega 3.
Diante do que vimos, incluir fontes de ômega 3 na dieta regular pode proporcionar diversos benefícios à saúde, contribuindo para as funções cardíaca e cerebral, a redução da inflamação no corpo entre outros benefícios, proporcionando assim um melhor processo de envelhecimento e aumentando a longevidade com manutenção da qualidade de vida.
FONTE:
Anacleto GMC, Rica RL, Maifrino LBM, Maia AF, Ribeiro SML, Bocalini DS, et al. Additional effects of stretching training program and supplementation with ômega-3 in older people. J Phys Educ Sport. 2019;19(Suppl 2):473-80.
3. Molfino A, Gioia G, Rossi Fanelli F, Muscaritoli M. The role for dietary omega-3 fatty acids supplementation in older adults. Nutrients 2014;6(10):4058- 73.
Cornish SM, Cordingley DM, Shaw KA, Forbes SC, Leonhardt T, Bristol A, Candow DG, Chilibeck PD. Effects of Omega-3 Supplementation Alone and Combined with Resistance Exercise on Skeletal Muscle in Older Adults: A Systematic Review and Meta-Analysis. Nutrients. 2022 May 26;14(11):2221. doi: 10.3390/nu14112221. PMID: 35684018; PMCID: PMC9182791.
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